A maioria deles, inclusive os drusos de Israel, considera-se etnicamente árabe. Em 2017, uma pesquisa do Pew Research Center revelou que a maior parte da população drusa do país identificava-se como árabe.[20] Israel tem a terceira maior população drusa do mundo, depois da Síria e do Líbano.[21][22] Os dados da pesquisa mostraram que, quanto à religião, a maioria se declara drusa; cultural e etnicamente, considera-se árabe; e, quanto à cidadania, declara-se israelense, ainda que uma pequena minoria se identifique como palestina, à diferença do que ocorre com os cidadãos árabes de Israel, que se identificam predominantemente como palestinos.[23]
Existem cerca de um milhão de drusos em todo o mundo, a maioria dos quais vivendo no Médio Oriente.
Os drusos intitulam-se em árabe como Ahl al-Tawhid, "o povo do monoteísmo". A origem do nome druso é debatida, mas costuma ser ligada com Adarazi, pregador ismailita do século XI, embora os próprios drusos o considerem como um herético.
Estimativas atuais colocam o tamanho da população drusa entre 800 000[24][25][26] e 2 milhões de pessoas.[27]
História
A religião desenvolveu-se a partir do Islãoismaelita, um movimento filosófico baseado no Califado Fatímida, no século X, numa época de particular riqueza cultural. A religião não tentou reformar o Islão, mas criar um novo corpo religioso, influenciado pela filosofia grega, a gnose e o cristianismo, entre outros.
Estrela drusa
Os principais actores foram Aláqueme Biamir Alá, o califa que clamou ser Deus, e Hâmeza ibne Ali ibne Amade, o principal líder do movimento. Foi Hâmeza que proclamou publicamente, pela primeira vez, que Aláqueme era Deus. Aláqueme enfrentou a oposição dos muçulmanos ortodoxos por aquilo que eles consideraram como apostasia e foi desdenhado pela sua violência extrema, ao perseguir minorias religiosas (tais como os cristãos). Em 1010, Aláqueme destruiu a Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém.
Porque os drusos consideram Aláqueme como a encarnação de Deus, foram perseguidos pelos muçulmanos radicais, em especial depois da morte de Aláqueme, em 1021. Os drusos usaram então a taqiyya ("dissimulação"), mantendo a sua verdadeira crença em segredo e aceitando formalmente a religião dominante. Os drusos acreditam que Aláqueme desapareceu e irá regressar no final dos tempos.
Os drusos tiveram um papel importante na história do Levante. Eles estavam espalhados pelo monte Líbano, que era conhecido como a montanha dos Drusos e, mais tarde, no igualmente chamado monte dos Drusos (Jabal Alduruz; em árabe: جبل الدروز ou ainda, Jabal Alárabe), na Síria.
A concepção drusa de deidade é descrita como uma estrita e inflexível unidade. A principal doutrina drusa afirma que Deus é transcendente e imanente, no qual ele está acima de todos os atributos, mas, ao mesmo tempo, está presente.[28]
Com seu âmbito de manter a unidade de Deus, tiraram dele todos seus atributos (tanzih). Em Deus, não haveriam nenhum atributo distintos de sua essência. Ele é sábio, poderoso e justo não por sua sabedoria, poder e justiça, mas por sua própria essência. Deus é "tudo da existência" ao invés de "acima da existência" ou "seu trono", que fazem Dele "limitado". Não há "como", "quando" ou "como sobre ele"; ele é incognoscível.[29]
Diferentemente do Mutzalismo e outros ramos similares da Tawasuf, os druzos acreditam no conceito de Tajalli (teofania).[29]Tajalli é comumente mal interpretado por acadêmicos e escritores e confundido com o conceito de encarnação.
[Encarnação] é a crença espiritual central nos drusos e em algumas outras tradições intelectuais e espirituais […] Em um sentido místico, refere-se à luz de Deus experimentada por certos místicos que alcançaram um alto nível de pureza em sua jornada espiritual. Assim, Deus é percebido como o Lahut [o divino] que manifesta Sua Luz na Estação (Maqaam) do Nasut [reino material] sem que o Nasut se torne Lahut. Isso é como a imagem de alguém no espelho: alguém está no espelho, mas não se torna o espelho. Os manuscritos drusos são enfáticos e alertam contra a crença de que o Nasut é Deus […] Ignorando este aviso, indivíduos buscadores, estudiosos e outros espectadores consideraram al-Hakim e outras figuras divinas […] Na visão escritural drusa, Tajalli assume um papel central. Um autor comenta que Tajalli ocorre quando a humanidade do buscador é aniquilada para que atributos divinos e luz sejam experimentados pela pessoa.
Escrituras
As escrituras sagradas dos drusos incluem o Corão e as Epístolas de Sabedoria. Outros textos drusos antigos incluem o Rasa'il al-Hind (Epístolas da Índia) e muitos os antigos manuscritos perdidos (ou escondidos) como al-Munfarid bi-Dhatihi e al-Sharia al-Ruhaniyya, assim como outros textos instrutivos e tratados acerca de polêmicas.
Reencarnação
Reencarnação é um parâmetro principal na fé drusa. Segundo a fé, a reencarnação ocorre instantaneamente após a morte de alguém, pois existe uma eterna dualidade entre o corpo e a alma, sendo impossível haver uma alma sem corpo. Diferentemente do Budismo, do Hinduísmo e do Neoplatonismo, na fé drusa, a alma humana só é compatível com um corpo humano, não havendo a possibilidade de reencarnação em outro tipo de ser. E, além disso, uma "alma macho" só pode reencarnar em um humano macho, e uma "alma fêmea" só pode reencarnar em um humano fêmea. E para mais longe ainda, um druso só pode reencarnar num corpo druso.
↑Carl Skutsch (7 de novembro de 2013). Skutsch, Carl, ed. Encyclopedia of the World's Minorities. [S.l.]: Routledge. p. 410. ISBN978-1-135-19388-1. Total Population: 800,000
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↑«Druze in Syria». Harvard University. The Druze are an ethnoreligious group concentrated in Syria, Lebanon, and Israel with around one million adherents worldwide. The Druze follow a millenarian offshoot of Isma’ili Shi'ism. Followers emphasize Abrahamic monotheism but consider the religion as separate from Islam.
↑J. Stewart, Dona (2008). The Middle East Today: Political, Geographical and Cultural Perspectives. [S.l.]: Routledge. p. 33. ISBN9781135980795. Most Druze do not consider themselves Muslim. Historically they faced much persecution and keep their religious beliefs secrets.
↑Nili, Shmuel (2019). The People's Duty: Collective Agency and the Morality of Public Policy. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 195. ISBN9781108480925. Druze are Arab by language, culture, and custom... Survey data has long suggested that Israeli Druze identify themselves first and foremost identity as Druze (in terms of their religion), secondarily as Arabs (in terms of their of their culture), and thirdly as Israeli (in terms of citizenship).
↑Carl Skutsch (7 de novembro de 2013). Skutsch, Carl, ed. Encyclopedia of the World's Minorities. [S.l.]: Routledge. p. 410. ISBN978-1-135-19388-1. Total Population: 800,000
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↑Makarem, Sami Nasib. The Druze Faith. [S.l.: s.n.]
↑ abSwayd, Sami. Druze Spirituality and Asceticism. [S.l.: s.n.]
↑Hitti, Philip Khuri (1924). Origins of the Druze People and Religion. [S.l.]: Forgotten Books. ISBN978-1-60506-068-2
Ligações externas
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