Charonia![]()
![]() ![]() Charonia Gistel, 1847 é um género de grandes búzios predadores da família Ranellidae.[1] As espécies pertencentes a este género atingem até 50 cm de comprimento e têm ampla distribuição natural nas regiões tropicais e subtropicais de todos os oceanos. O nome tritão, nome comum pelo qual são por vezes referidas as espécies pertencentes a este género, tem origem na mitologia grega, na qual o deus Tritão, filho de Posidão, deus dos mares, era geralmente representado segurando uma grande concha de búzio. DescriçãoAs espécies do género Charonia apresentam grandes conchas fusiformes de coloração leitosa, mas em geral variegadas em tons de castanho ou amarelo. A concha da espécie Charonia tritonis (Linnaeus, 1758), das regiões tropicais do Indo-Pacífico, pode atingir 0,5 metros de comprimento. Uma espécie ligeiramente menor, mas ainda assim um búzio muito grande, Charonia variegata (Lamarck, 1816), tem distribuição natural nas costas do Atlântico ocidental, desde a Carolina do Norte ao Brasil. O género Charonia tem distribuição pantropical, habitando as águas costeiras e os montes submarinos de baixa profundidade de todos os oceanos e mares das regiões tropicais e subtropicais. Ao contrário da generalidade dos gastrópodes dos grupos pulmonados e opistobrânquios, os moluscos do género Charonia não são hermafroditas, exibindo sexos separados e praticando a reprodução sexual com recurso à fertilização interna. Após a fertilização, a fêmea deposita os ovos em aglomerados de cápsulas brancas, cada uma das quais contendo múltiplas larvas em desenvolvimento. As larvas emergem como livres nadadoras, integrando-se no plâncton, permanecendo na coluna de água durante um período que ultrapassa os três meses. Os espécimes adultos de Charonia são predadores activos, alimentando-de de outros moluscos e de equinodermes, especialmente estrelas-do-mar, que capturam recorrendo à sua saliva paralisante. Durante a captura, o búzio agarra a sua presa com o seu poderoso pé muscular e usa a rádula (um órgão serrilhado típico dos gastrópodes) para perfurar o exoesqueleto ou a concha da presa, injectando a sua saliva paralisante através da abertura. A saliva reduz a capacidade da presa controlar a suas estruturas musculares, o que permite que o búzio a consuma sem esforço, em geral iniciando pelos tecidos moles, como as gónadas e vísceras. Quando confrontados com presas de pequenas dimensões, os búzios ingerem-nas inteiras, sem utilizar a saliva paralisante. Após a ingestão, regurgitam os espinhos venenosos, conchas e outras partes indigeríveis. Os búzios do género Charonia foram observados a detectar a presença de presas pelas suas emanações na água, mudando de direcção e iniciando uma perseguição activa. Algumas presa, em particular as estrelas-do-mar, parecem ser capazes de detectar a presença do predador, por meios ainda não completamente compreendidos, tentando de imediato a fuga, procurando evitar contacto físico. Os búzios são contudo mais rápidos e apenas as estrelas-do-mar de maiores dimensões conseguem eventualmente escapar, mas apenas por abandonarem o braço ao qual o búzio se tenha agarrado. A espécie Charonia lampas captura e ingere espécimes da estrela-do-mar Acanthaster planci (conhecida pelo nome comum de coroa-de-espinhos), uma espécie invasora que pode atingir 80 cm de diâmetro, com a face superior recoberta por espinhos venenosos com mais de 2,5 cm de comprimento. Esta estrela-do-mar tem pouco predadores naturais e tem proliferado e destruído largas porções de recifes de coral. Utilização humana e estado de conservaçãoA carne das espécies deste género é consumida crua, frita ou grelhada em algumas regiões, como por exemplo nas Bahamas, isoladamente ou como parte de saladas de frutos-do-mar. As conchas das espécies de Charonia, especialmente as de maiores dimensões, são procuradas para efeitos de coleccionismo ou como objectos decorativos, alimentando um importante comércio internacional de conchas. A captura destes animais com esse objectivo assume grande importância em algumas regiões tropicais, resultando na sua escassez em alguns recifes coralinos e em áreas costeiras acessíveis em mergulho livre. Em consequência dessa captura para alimentar o comércio de conchas, a sobrevivência das populações das duas espécies existentes no Mediterrâneo (C. lampas e C. tritonis) estão ameaçadas, razão pela qual são legalmente protegidas por muitos dos Estados ribeirinhos e incluídas nos anexos da Convenção de Berna.[2] Apesar de existirem populações sob ameaça em todo o mundo, no entanto, nenhuma das espécies está listada na Lista Vermelha da IUCN.[3] Desde a antiguidade que as conchas de Charonia são utilizadas por múltiplas culturas para a manufactura de instrumentos de sopro, em geral removendo o ápice da concha, ou perfurando um buraco nessa zona, e utilizando a concha como uma trombeta. A divindade greco-romana Posidão (ou Neptuno) é geralmente representada segurando uma conha de Charonia, tal como o seu filho Tritão. EspéciesO género Charonia inclui as seguintes espécies e subespécies:[4]
Notas
Galeria
Referências
Ligações externas
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